A passagem que trago agora faz parte de uma longa história, eu a comparo a uma avenida imensa que corta vários bairros; descrevê-la seria falar da cidade inteira, sendo assim seria impossível colocá-la num blog. Como gosto de posts direcionados e curtos, decidi fazer uma abordagem diferente colocando apenas uma passagem, como se escolhesse apenas um bairro para falar.
Então, meus amigos, entendam que vou fazer uma abordagem focada apenas no trabalho que foi realizado em equipe, sem maiores detalhes do processo que o antecipou.
Um trabalho de Desobsessão não é serviço para uma única pessoa. Tinha alguns amigos dispostos para um serviço como este, formei uma lista e deixei que nosso guia espiritual (todos possuem um guia espiritual) definisse quais seriam da lista e suas respectivas funções dentro do trabalho. Os escolhidos foram pessoas já com certo grau de conhecimento dentro da Doutrina Espírita, todos com faculdades mediúnicas específicas e com certo grau de amizade entre o grupo, pois já se conhecem há mais de dez anos. Meu papel seria o de “médium de incorporação”, ou seja, forneceria meu corpo físico como aparelho mediúnico para que o irmão se manifestasse e comunicasse conosco.
Nossa missão era doutrinar uma entidade do mais baixo escalão vibratório, ela tinha sobre seu poder alguns “escravos” e já tinha desencarnado há mais de 100 anos, era ciente do que fazia e tinha um respeitável conhecimento das coisas. Nos já sabíamos que essa Desobsessão não seria fácil, pois a própria espiritualidade amiga havia recomendado cautela. Como tenho certeza que o suporte espiritual vem na mesma medida da dedicação e seriedade dos trabalhadores envolvidos, não tinha nenhuma dúvida do que tinha a fazer...
Na orientação que recebi tinham algumas recomendações para o local do trabalho e como os trabalhadores deveriam ser organizados. O médium de incorporação sentaria ao centro, numa cadeira de ferro; o trabalhador que faria o controle magnético se posicionaria logo por trás, criando uma pirâmide de controle; os dois doutrinadores se colocariam um de cada lado e a paciente se posicionaria logo à frente com um pouco mais de 1 metro de distância. Esta não pode se dizer que seja uma forma convencional de Desobsessão, mas, como falei, tudo foi orquestrado de forma diferente. Vale salientar que a paciente neste caso é ex-dirigente de centro espírita e que está acostumada e preparada para este tipo de trabalho.
A paciente desta sessão que doravante a chamarei de irmã X na verdade estava representando um ente querido seu que se encontrava hospitalizado, este é que de fato estava sendo vitimado pelo nosso irmão desencarnado.
No plano espiritual, da mesma forma, foi organizada uma equipe muito iluminada, não eram poucos e muitos se vestiam com trajes característicos à falange* a qual estavam ligados. Estavam presentes alguns médicos, poucos índios, um padre, uma equipe de socorro e um grupo de tamanho considerável, responsável pela segurança espiritual do ambiente. Todos ali estavam unidos em busca de uma única causa.
Horas antes da sessão eles me explicaram que o irmão que viria a ser doutrinado não vinha de bom grado, e que eles não iriam buscá-lo para não dispersar a equipe que acabara de ser formada. Fui orientado para, ao início do trabalho, trazê-lo magneticamente, pois os encarnados possuem grande força mental, podendo sugá-lo de onde ele estivesse. Eu só pude fazer isso porque já o tinha “visto” antes e podia assim mentalizá-lo.
Eu já conhecia o irmão que iríamos doutrinar, pois já o tinha visualizado durante uma sessão (da terapia magnética, já mencionada aqui) que realizei no amigo hospitalizado.
Apesar de não gostar muito de colocá-la em prática, minha Psicofonia é consciente e isso ajuda bastante num trabalho como este. Não sei descrever bem como ocorre, mas de certa forma consigo bloquear qualquer atitude que desaprove por parte do espírito quando estou “incorporado”. Fui também informado que o nosso trabalho seria em conjunto nos dois planos, praticamente uma ação simultânea, eles deixariam o irmão necessitado conectar-se em mim e nós aqui realizaríamos uma doutrinação, logo em seguida nosso instrutores tirariam o irmão e realizariam uma doutrinação no plano espiritual e logo em seguida o reconectariam em mim a fim de uma nova doutrinação dos encarnados. Seria assim até o irmão ceder ou até algum dos trabalhadores encarnados começar a sinalizar cansaço.
Logo ao me sentar na cadeira prendi meus braços por baixo da alça, todos se posicionaram nos seus respectivos lugares e nesse instante permiti que ele “entrasse”. O irmão veio com tanta agressividade que no primeiro momento não falou nada apenas se sacolejava bastante, eu sentia que ele se incomodava com a energia liberada pelo médium que se posicionava logo atrás. Pouco tempo se passou e logo ele foi levado para a primeira doutrinação, que seria realizada pelos amigos da espiritualidade. Novamente foi trazido até mim, desta vez reclamou muito que não queria estar ali, muito irritado, se debatia na cadeira e reclamava que tinha um padre querendo lhe catequizar. Neste momento os doutrinadores iniciaram seu trabalho.
Com toda agressividade que se possa imaginar, ele afirmava que os doutrinadores não sabiam o que estava fazendo, pois não tinham noção de onde ele morava. Apesar de sua agressividade todos se comoveram com o seu relato. Devo dizer que sempre, em um trabalho como esse, o sentimento de fraternidade sincera vale mais do que mil palavras. Ao mesmo tempo que eu o observava pedia a Deus clemência por este irmão que sofria tanto. Seu aspecto, apesar de aterrorizante, expressava grande dor, sua vestimenta toda escura lembrava um “Drácula”, a cor da sua pele era verde como “Frankenstein” e as unhas tinham uns cinco centímetros.
Eu não sentia dor, mas meus braços ficavam bastante marcados com a alça da cadeira (houve essa necessidade, de prender os braços, devido aos movimentos bruscos do irmão. Isto foi orientado pela espiritualidade). Depois de 1:30h de um ritmo bastante pesado, nosso irmão começou a dar sinais de questionamento (GRAÇAS A DEUS), todos os trabalhadores estavam exaustos, pois tinham dado o máximo de si, mas naquele momento não se podia parar e assim continuamos mais duas vezes, no mesmo ritmo.
Num dos seus últimos momentos conosco lhe foi questionado se ele iria mudar seu destino e passar a seguir outro caminho, o mesmo nos respondeu que não prometeria nada! Para nós já foi um grande avanço mediante o estado que se tinha se iniciado este trabalho.
Após o irmão retirar-se em definitivo, nosso mentor espiritual, como de praxe nesse tipo de trabalho, manifestou-se e passou uma última mensagem para nós. Sempre de fé e esperança no amor de Jesus.
Não posso dizer que apenas com esse trabalho conseguimos ajudar esse irmão a mudar seu destino definitivamente, mas fizemos o que podíamos para aquele momento; a doutrinação no plano espiritual seguiu sem pausa.
Após encerar oficialmente os trabalhos olhei para a expressão de todos que, exatamente como eu, não escondiam o desgaste (parecíamos soldados que chegam do front de batalha), tivemos alguns minutos de reflexão, nos despedirmos e seguimos para nossos lares...
- A força de nossa mente pode trazer um irmão, esteja ele onde estiver, para junto de nós.